Presidente do Sindicato Rural explana sobre as baixas estimativas de produção feitas pelas fumageiras e as dificuldades dos produtores
Atendendo um convite do Presidente Nei Cabral, o Presidente do Sindicato Rural de Irati, Mesaque Kecot Veres, fez uso da Tribuna Popular da Sessão Ordinária do dia 14 de julho para discorrer sobre a situação da agricultura no município, especialmente no que se refere aos fumicultores.
Durante a explanação, Mesaque salientou o momento difícil que vive a agricultura. “De maneira geral, alguns setores estão indo bem como a soja, grãos e as carnes. Em compensação temos setores indo mal, principalmente nesta época de pandemia, como a fumicultura”, afirmou.
Referindo-se a fumicultura a nível de Paraná, Mesaque contou que existem hoje em torno de 29.400 famílias, ou seja, próximo de 120 mil pessoas atuando diretamente nesta cadeia produtiva, propulsiva, que cria vários desdobramentos com fretes, criação de empregos na cidade e nas empresas. “Hoje são 29 mil famílias, mas nós já tivemos 36 mil, houve diminuição. É uma cadeia produtiva de importância social, apesar de ter restrições, como o tabagismo, por exemplo. Mas, por outro lado existe demanda e é uma cadeia que tem dado resultado às famílias de pequenos produtores. Neste cenário de 29 mil famílias, temos aproximadamente 58 mil hectares, 128 milhões de quilos que movimentam mais de 1 bilhão e 200 milhões de reais no Paraná. Em Irati temos entre 1400 e 1600 famílias que atuam nesta atividade e sete grandes empresas da área”.
“Este ano, o cenário da fumicultura está muito preocupante”, destacou o Presidente do Sindicato dizendo que muitos produtores estão numa situação dramática de desespero. “Durante esta semana recebemos centenas de produtores no Sindicato pedindo ajuda, pois tivemos uma safra excelente no Paraná, de boa qualidade e volume, mas em contrapartida temos visto empresas cortando o número de produtores. Nas reuniões que tivemos, não conseguimos negociação de preços com as empresas, foram elas que estabeleceram os preços sem cumprir a Lei da Integração. Na pandemia houve paralisação de compras, e quando aconteceu a retomada a reclamação foi em relação a classificação, que precisa mudar, pois ela é feita no olho. A questão de estimativas também foi um problema, a média que as empresas estavam fazendo era de 123 gramas por pé e no levantamento que fizemos dava 182 gramas. Existe uma grande lacuna entre o que a empresa estimou e o que o agricultor produziu. No tabaco, diferente de outras culturas, o produtor está sendo penalizado porque produziu mais”, lamentou Mesaque.
No Paraná, de acordo com o Presidente do Sindicato, estima-se que estão sobrando cerca de 3 milhões de quilos, “numa projeção destas 59 gramas para uma realidade mais apurada seriam 11 milhões de quilo sobrando. Existe ainda outros estudos que se fala em 25 milhões de quilos sobrando no Estado”, ressaltou. Outro problema sério, conforme Mesaque é a falha na comunicação. “Há muito desencontro de informações por parte das empresas, os agricultores acabam tendo informações incompletas, gerando uma desestabilização durante a negociação. Quando uma empresa se comunica mal com seu parceiro, cria uma instabilidade uma insegurança”, relatou.
Baseado nos reclames, Veres contou que o Sindicato realizou sete videoconferências com todas as empresas, as quais se comprometeram a comprar as estimativas. “O problema é que estão comprando num preço muito baixo e o agricultor está sendo bastante prejudicado, está uma verdadeira exploração”, desabafou.
O Sindicato, conforme Mesaque, está orientando os produtores a fazer o cadastro, contrato, e ficarem atentos aos seus direitos e a estimativa, pois as empresas estão fazendo estimativas baixas. “É preciso prestar atenção ao que está no contrato. Digamos que ele fez 60 mil pés. Então, procure plantar os 60 mil pés. Não é 65, nem 55. Assim, irá garantir o seu direito. Além disso, o produtor deve procurar os representantes para negociar com as empresas e fazê-las cumprir a Lei da Integração. Na próxima semana teremos uma reunião com as companhias e já estamos coletando informações junto aos produtores para verificar o volume estimado e o número de pés contratados. Vou sugerir aos produtores que primeiramente façamos uma negociação extrajudicial no coletivo e segundo uma extrajudicial individual de cada produtor e, se necessário, até judicial se for o caso”, informou.
Diante dessa situação e preocupação, Mesaque enfatizou a importância de políticas públicas direcionada a fumicultura. “Precisamos pensar juntos, pois trata-se de uma cadeia produtiva decrescente. O tabaco, o cigarro, está em final de ciclo, pois estão surgindo outros produtos que vão ocupar menos nicotina e no futuro precisaremos uma área menor e aí fica a pergunta, como ficarão essas famílias?”. O Presidente do Sindicato contou ainda que como alternativa, recentemente, realizou uma videoconferência, onde vários agricultores participaram na exportação direta de feijão, que é uma alternativa para os pequenos produtores. “Estamos estudando e analisando novas alternativas”, comentou.
Os vereadores cumprimentaram o Presidente do Sindicato pela explanação, fizeram complementações e questionamentos e se disponibilizaram a ajudar na elaboração de políticas públicas e alternativas que venham contribuir com estas famílias. O Presidente Nei Cabral agradeceu a disponibilidade do Mesaque reafirmando a importância da agricultura que é a maior indústria, sem chaminé, de Irati.
Acompanhe a explanação na íntegra através do ícone “Sessões ao Vivo”.